Mais do que a data, precisamos de ações que impactem o dia a dia das pessoas negras

No Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, celebramos a luta e as conquistas da população negra no Brasil. A data é um símbolo da resistência e do movimento antirracista, mas também um momento para refletir sobre o que ainda precisa ser feito em termos de igualdade e inclusão. Para discutir a relevância dessa data e as ações necessárias para promover a equidade, conversamos com Aline Reis, jornalista negra, presidente eleita do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Paraná (Sindijor-PR), repórter do Plural e uma das jornalistas negras mais admiradas do Brasil, segundo o Portal dos Jornalistas.

Para Aline, o Dia da Consciência Negra tem um papel fundamental no reconhecimento da luta histórica e das conquistas do Movimento Negro. “As datas comemorativas e feriados têm o papel de demonstrar que aquilo é importante ou relembrar algo que não pode ser repetido. No caso do feriado da Consciência Negra, trata-se de um simbolismo da luta antirracista e uma conquista do Movimento Negro, que há muito tempo luta por esta data”, afirma.

Ela destaca que, embora a data tenha sua relevância simbólica, é necessário que haja ações concretas que promovam mudanças efetivas na sociedade. “O reconhecimento simbólico não é suficiente se não houver ações que impactem a vida das pessoas negras no Brasil”, complementa.

Ações além da data

Aline é incisiva ao afirmar que, para que a consciência racial seja de fato promovida, é necessário que a sociedade e as instituições se comprometam com ações práticas. “Além da data, precisamos de ações que impactem diretamente na vida das pessoas negras: equidade salarial, mais cotas em concursos e universidades, mais rigor nas questões envolvendo casos de racismo etc.”.

A jornalista também pontua a importância de as empresas e organizações adotarem políticas de diversidade reais, que vão além do discurso. “As empresas precisam criar políticas de diversidade que não sejam apenas promessas, mas que se concretizem em práticas efetivas”, afirma. Ela destaca ainda a relevância de iniciativas como a de pautar o assunto nos meios de comunicação, abordando a questão racial de forma constante e com profundidade.

Conquistas pessoais e reflexões sobre representatividade

Recentemente, Aline alcançou duas grandes conquistas profissionais: ela se tornou a primeira jornalista negra presidente eleita do Sindijor-PR e também foi reconhecida por dois anos consecutivos como uma das jornalistas negras mais admiradas do país. Para ela, essas conquistas são marcos importantes, mas também um alerta para a necessidade de mais representatividade no campo jornalístico.

“Estar entre os 50 jornalistas negros mais admirados do país é uma honra, mas também serve como um lembrete de que precisamos de mais jornalistas negros e negras nas redações, especialmente em posições de destaque”, afirma Aline, ressaltando que a presença de jornalistas negros nos meios de comunicação é fundamental para a construção de uma mídia mais plural e representativa.

No caso do Sindicato, Aline vê sua eleição como um marco não apenas pessoal, mas também coletivo. “Ser a primeira presidenta eleita negra do Sindijor é um grande marco. Isso demonstra que o movimento trabalhista também precisa olhar para grupos minorizados e garantir a representatividade”, destaca.

Reflexões para o futuro

Aline Reis acredita que o Dia da Consciência Negra é apenas um ponto de partida para um processo contínuo de reflexão e transformação. Para ela, as lutas antirracistas não se limitam a um dia no calendário, mas devem ser parte do dia a dia, nas ações concretas que buscam diminuir as desigualdades e promover a inclusão e a equidade.”Não podemos nos contentar com pequenas vitórias. A luta deve ser constante, para que possamos, de fato, construir uma sociedade mais justa e igualitária para todos”, afirma a jornalista.

 

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