Comunicação Interna: Pilar para Iniciativas ESG nas Empresas

Brenda Linhares é uma jornalista com uma carreira marcada por um grande envolvimento com a comunicação corporativa, tendo atuado em grandes empresas como a Vale e a Suzano. Nos últimos anos, ela tem direcionado sua carreira para a área de sustentabilidade e ESG (Environmental, Social, and Governance), onde busca alavancar práticas que possam impactar positivamente a sociedade e o meio ambiente. Nesta entrevista, Brenda compartilha sua trajetória profissional, sua migração para o setor de ESG e, principalmente, a importância da comunicação interna como ferramenta estratégica para fortalecer as iniciativas ESG dentro das organizações.

Trajetória Profissional e Migração para a Área de ESG

Formada em Jornalismo pela Universidade Positivo, Brenda iniciou sua carreira em comunicação corporativa ainda no seu primeiro estágio na Bosch, onde a paixão pela área floresceu. Em seguida, se dedicou à Vale, onde passou quase 10 anos, com uma atuação inicial no Pará e depois no Espírito Santo. Durante esse período, adquiriu ampla experiência em diferentes frentes de comunicação, desde a interna e externa até patrocínios, eventos e relacionamento institucional.

Em 2019, após a sua licença maternidade, Brenda fez uma transição de carreira para a Suzano, onde assumiu a coordenação de comunicação no Espírito Santo e, dois anos depois, passou a cuidar também das operações na Bahia. “Foi uma migração que aconteceu de forma bastante natural, já que a Suzano tem um olhar muito voltado para a sustentabilidade. A empresa já estava alinhada com meu interesse pessoal e profissional por essa área”, explica.

Essa afinidade com a sustentabilidade se consolidou ao longo dos anos, com Brenda participando de cursos de comunicação voltados para a sustentabilidade, como o oferecido pela Vale na Fundação Dom Cabral, e mais recentemente, o curso de Sustentabilidade para Indústrias do MIT. Com a evolução de seu interesse por esse tema, Brenda assumiu em outubro de 2024 a função de consultora de sustentabilidade institucional na Suzano, concretizando sua transição definitiva para a área de ESG.
Comunicação Interna e ESG

Para a jornalista, a comunicação interna é uma das chaves para o sucesso das iniciativas ESG nas empresas. “A comunicação interna não é apenas sobre repassar informações, ela é uma ferramenta educativa. No caso do ESG, o conceito ainda é algo nebuloso para muitos, uma verdadeira ‘sopa de letrinhas’. Então, criar um storytelling eficaz para envolver os colaboradores, é essencial para garantir que todos entendam o que está em jogo e como podem contribuir”, afirma.

Brenda ressalta que, em empresas grandes, com públicos diversos, a comunicação interna precisa ir além da transmissão de informações. “Quando uma empresa se propõe a adotar práticas sustentáveis e de governança, ela precisa envolver seus colaboradores de forma ativa, trazendo-os para esse movimento. Isso não é apenas uma questão de alinhamento estratégico, mas também de engajamento emocional. A comunicação interna tem o poder de sensibilizar e educar para que todos possam ser protagonistas nesse processo de mudança, ela é o alicerce sobre o qual todas as outras iniciativas sustentáveis devem se apoiar.”

Brenda ainda compartilha um exemplo prático de como a comunicação interna se conecta diretamente com as ações de ESG dentro da Suzano. “Este ano, estamos preparando um grande projeto para o COP, e uma das minhas responsabilidades é atuar com a comunicação interna para garantir que o público interno entenda o que é ESG, como ele se relaciona com nossa cultura e os impactos que ele pode gerar. A ideia é aproveitar este momento para promover uma educação contínua sobre sustentabilidade”, explica.

Desafios e Oportunidades na Comunicação Interna para ESG

Um dos principais desafios que Brenda observa nas empresas é a falta de engajamento do público interno nas iniciativas de ESG. “Muitas vezes, as empresas focam demais no externo, em seus clientes, investidores e parceiros. No entanto, há um potencial enorme dentro das organizações que muitas vezes é negligenciado. As pessoas que trabalham na empresa podem trazer insights valiosos e colaborar mais do que imaginamos, especialmente porque elas têm visões e experiências fora do ambiente corporativo que podem enriquecer muito a empresa”, pontua.

Para ela, um dos maiores erros que as empresas cometem é não envolver de forma ativa o público interno na implementação de políticas ESG. “É claro que, dependendo do porte da empresa, isso pode ser mais desafiador, mas há sempre formas de criar grupos de trabalho, abrir processos seletivos internos e fomentar o desenvolvimento de carreira dentro desses projetos. Isso gera não apenas engajamento, mas também uma maior conexão dos colaboradores com o propósito da organização.”

Puc Angels: Conectando Pessoas e Ideias

Além de sua atuação na Suzano, Brenda também está envolvida com a Puc Angels, uma associação formada por ex-alunos da PUC e profissionais que buscam promover a troca de experiências e o impacto social positivo. “Eu e meu marido descobrimos a Puc Angels por meio de um amigo dele, e nos sentimos atraídos pela ideia de fazer parte de um grupo que, além de promover mentorias, também oferece um espaço para discutir e aplicar práticas de ESG”, conta Brenda.

Na Puc Angels, Brenda se inscreveu em comitês de ESG, impacto social e liderança feminina, além de participar do programa de mentorias, tanto como mentora, quanto como mentorada. “Essa troca de ideias é fundamental para o meu desenvolvimento profissional e pessoal. Quando ficamos muito tempo em uma empresa, acabamos nos fechando em nossa bolha. A Puc Angels me proporciona a oportunidade de expandir minhas conexões e de aplicar os conhecimentos adquiridos em um ambiente mais amplo”, reflete.

Brenda vê as empresas como aliadas da Puc Angels, pois podem se associar e proporcionar aos seus colaboradores um espaço de desenvolvimento profissional e troca de ideias. “Isso é uma excelente oportunidade de networking e também de levar práticas de ESG para dentro das corporações, com impacto real e troca contínua”, destaca.

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