Tina Demarche – Jornalista
A vida de cada um de nós é uma história. Rica e recheada de situações alegres e tristes, momentos bons e ruins, memórias que doem ou acalentam. Isso tudo se alterna e se mistura nos tornando o que somos.
Cada vez que contamos algo para alguém, estamos contando uma história. Independentemente de serem verdadeiras ou ficcionais, importantes ou corriqueiras. Acho isso de uma lindeza sem igual.
Quando eu era criança, minha avó contava histórias para mim. Imigrante alemã, as que faziam parte de seu repertório eram os contos dos irmãos Grimm. Mas o que me encantava eram as histórias da infância dela na Alemanha: as brincadeiras com os irmãos nos bosques, a neve, o Natal, os costumes; além da vinda para o Brasil, de navio, vendo apenas céu e mar por 41 dias. Essas, sim, eram histórias de me entreter por muitas horas e me fazer “viajar” na mesma lembrança, os olhos e o coração no passado dela. Amo essas lembranças e me aproximo muito da minha omama (vovó, em alemão) cada vez que penso nisso.
Desejei escrever para crianças ainda na faculdade e acredito que essa vontade reflete a minha ligação com os contos de fadas que me eram contados. Escrevi algumas histórias na época, mas elas se perderam e a ideia foi ficando para trás na medida em que, formada em Jornalismo, eu passei a contar apenas histórias verdadeiras, fatos! Tristes, aviltantes e degradantes, muitas vezes. Mas também contei sobre muitas descobertas científicas, encontros, iniciativas gratificantes, muitas ocorrências e acontecimentos emocionantes.
Quando meu filho nasceu inventei histórias para ele. Essas também se perderam porque apesar de ter a intenção, nunca as escrevi. O que me motiva a escrever para as crianças é o fato de que a leitura as leva (nos leva também, adultos, quando deixamos) a um lugar aconchegante, dentro de nós mesmos, de onde dá para enxergar além, aprender, descobrir, sonhar. Muitas crianças vivem situações duras de todos os tipos. Se conseguir que elas se desliguem um pouco das tormentas de suas vidas e gostem de ler o que gosto de escrever, estarei imensamente feliz.
O livro “Eu sou a Brisa – Uma cachorrinha feliz!” foi lançado em 2017. Meu primeiro trabalho literário. Hoje faria algumas coisas diferentes nele, mas tudo é aprendizado e nos faz crescer e melhorar. Ele conta a história da minha cachorrinha, que morreu aos 16 anos, oito meses antes do lançamento. É uma homenagem a ela, parceirinha de muitos momentos. A ilustração da Mariana Basqueira é linda nos traços, nas cores e nas semelhanças com a realidade.
Em 2018 tive um conto selecionado para compor a Coletânea Sesc de Contos Infantis. Nesse ano de 2020 comecei uma pós em Literatura Infantil e Juvenil, que a pandemia atrapalhou, mas que promete encantamentos para o ano que vem. E enquanto respeito o isolamento em casa, aproveito para me preparar para participar de outros concursos e novos projetos.